quarta-feira, 20 de abril de 2011

Florir


Muitas vezes ela se deparou com sua face intrigante no meio do caminho. E essa mesma face atraia seus pensamentos para um lugar onde nunca deveriam ter saído. Ela caminhava achando que tudo estava bem, que todos os sons eram motivos de rostos sorridentes e quando caia uma lágrima, ela tinha que voltar correndo seu percurso para procurar onde tinha deixado sua parte mais cintilante. A parte dela que tinha o poder de sentir e decifrar todos os singelos sons, silenciosamente ensurdecedores.
Isso sempre acontecia quando ela andava distraída e não percebia os detalhes que estavam à sua volta. Na verdade, sentia-se triste por muitas vezes deixar escapar parte dela tão valiosa, digamos, a mais importante para a completude do seu ser e que os olhos dos outros eram incapazes de enxergar.
Acontece uma ventania.
Num amanhecer, ela levanta dos escombros.
Prefere deixar de lado as cicatrizes.
Põe suas asas transparentes, afim de transformar o mundo.
Não o mundo de fora, mas a morada interior de seu interior.


"Sabe o que eu quero de verdade?
 Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma.
 Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma." 
 (Clarice Lispector)

Um comentário:

  1. queria ter a delicadeza que você tem com a palavra,...como se tivesse pegando num cristal pela primeira vez...
    beijos

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