terça-feira, 26 de julho de 2011

bem-me-quer



E cá estou eu, dessa vez pra contar a satisfação de minhas mãos ao colherem, logo cedinho, um bocado de tulipas adocicadas. Me perguntaram quantos mal-me-quer tem numa flor. E minha resposta foi silenciada pela insistente lembrança das tais tulipas que enfeitavam meus passos lentos. Quando resolvi agoar o bom do amor e soprar bem forte o tanto de mal-me-quer (que eu nunca quis), a flor que me acolhia toda manhã passou a ter apenas bem-me-quer. Enquanto ao resto, sei que o vento sempre faz um bom trabalho.

Sorri tranquila no meio de um campo que brota flores em compota.

Um beijo,
com açúcar e afeto.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

De onde vem a calma?



Sempre tive a plena convicção de que alguém ouvia o eco de minha voz por detrás das montanhas. Eu sei o que enfeita aquele lugar sonhado, e devo confessar às roseiras cintilantes que elas nunca precisaram de esforços doentios para serem tão puramente lindas, tal o motivo de tanta admiração minha.
Ontem ouví prantos da minha metade exausta. Sentí como se estivesse sendo arrancada sem dó nem piedade de um lugar santo e presenteada com vendas sobre os meus olhos. Um ontem distante, [desapegado].
Minha maior satisfação em tudo isso é a certeza pulsante de que toda resistência mantida por algo nobre, sempre valerá à pena. Isso é uma questão entre você e mais ninguém. Não é constante meu riso feliz, mas a força de dentro que me mantém de pé, sim. Percebo pelo o que devo brilhar e as renúncias estritamente necessárias, porque me ensinaram que nem tudo o que brilha é ouro. [palavras muito bem acolhidas]
Desejo que em todas as manhãs (cinzas ou lilases) eu possa escolher sorrir pelo imperecível e manter a constância que tanto me sustenta. Têm muitos cravos antes das roseiras e algumas rochas na estrada que dá para o vale depois das montanhas, mas quem disse que seria fácil? Ciclo compensatório.
A força que me mantém de pé é a mesma que diz para eu mandar embora tudo o que me corrói lentamente. Uma pequena diferença entre você sofrer com e sem Deus, é que com Ele a tristeza vem, ronda seu lar, mas quando vai embora ela não te rouba nada.

"Eu não vou mudar não
Eu vou ficar sim
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim..."
(Marcelo Camelo)

sábado, 2 de julho de 2011

Frequência


Seu olhar fixo em algum objeto do quarto era o mesmo que lhe revelava a distância de coisas efêmeras, entre ela e ela mesma.
De tão real, a luz se tornou palpável.
Muito mais que certezas: hoje ela sabe o que não quer mais em sua gaveta, mesmo na dúvida se sorrir para a cor ou para canção.
A moça se conhecia.

[dorme medo meu.
cura Senhor, onde eu não posso ir]

 pensamento cheirando a Caicó;
três dedos de água gelada;
esperando o pai lindo chegar de viagem;
unhas vermelhas para afrontar o cinza que às vezes paira.