segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sem provas

        somente pistas.
        

        Eu sei da tenacidade disso tudo, mas não sei como encará-la ao certo. Eu sei do que me dizem, mas ninguém saberá o que me convence. Talvez eu nunca consiga cuspir palavras sinceras dessas entranhas impuras, porque esse nunca foi meu objetivo, embora não deixe isso claro nem para mim. Às vezes o silêncio é chão firme, outras, não passa de piso escorregadio pronto para a queda. Pronto para aparar qualquer queda. Eu não vim aqui falar sobre nada disso do que você esteja supondo, mas se ainda assim você arriscar um palpite, já posso mudar de assunto para que meu vizinho ao lado não escute também.
       
       Não é porque tá chovendo que os passarinhos desistem de cantar. Não é porque ouço os pingos no telhado que eu preciso acolher o frio como se fosse um par de meias para o coração. Não, porque já é demasiado gelo aqui dentro. E se eu cessar a serenata do bem-te-vi por causa da imposição do tempo, é porque eu ainda não aprendi a dividir.

        
       Eu não quero parecer com coisa alguma. Eu só quero escrever sobre essa hora, sobre essa demora com pressa de ficar. Eu não sei se acredito nisso, mas saiba, não preciso ficar testando, nem muito menos provando nada. Quer dizer,

Iwska Isadora

Até aqui



Eu caminhei alguns passos para chegar até lá. Não sei dizer ao certo quantos, porque faço o mesmo trajeto todas as manhãs, e o percurso sempre ganha nova forma, nova percepção. Todas as vezes que eu me recordo por onde andei ontem, eu me busco por firmar passos em solidez no instante agora. Eu sei que o caminho é longo e sei também que por muitas vezes ele me pediu silêncio quando minha maior vontade era deixar as entranhas egoístas vir à tona. Confesso que algumas vezes meu martírio era em volta de tudo o que me compunha e do que eu queria me tornar, mas meu querer não se prostra em tantos poucos. Meu querer não pode se reter a um tanto mínimo, porque o meu muito é muito cheio de amor. E minha vontade ainda pede calma para sobreviver. 


A cada passo que dou eu vejo o quanto preciso me doar nas portas que escolhi abrir e as que escolhi não ticar sequer na maçaneta; nos papeis que me deleitam e testemunham uma vida tão sentimental; nos olhos que eu vejo e refletem vida através de uma lente divina; e por todas as estradas de tijolos amarelos que eu queira desenhar e refazer quantas vezes preciso for.


Eu caminhei alguns passos para chegar até aqui. E quando eu sentir vontade de chorar por uma coisa pouca, bem pouca, que eu saiba enxergar amor em tudo, principalmente na ausência de.

Iwska Isadora