sexta-feira, 6 de maio de 2011

Escorrego

"No osso da fala dos loucos têm lírios." (Manoel de Barros)
"Arco-íris no céu: está sorrindo o menino, que há pouco chorou." (Helena Kolody)

Desde criança ouviu falar da beleza que o céu trazia em dia nublado.
Depois de pingos, sol ameno.
Desenho semelhante a um escorrego, todo colorido, misturando suas cores favoritas.
Na medida em que os anos passavam, as pessoas não exaltavam tantos sorrisos que davam quando crianças, a respeito  do desenho colorido que surgia e planava no meio da imensidão.
Na verdade, elas cresciam e por algum motivo, escolhiam passar os dias de cabeça baixa ou alta demais. Quando não era a tristeza que impedia, era o orgulho que tomava conta ou a mente-estreita-sem-graça-de-gente-grande.
Vicissitudes que esqueciam das cores.
Maneira triste de se viver os dias, ou melhor, de observar o relógio mecanizar.
Mas elas nem se importavam, nem percebiam, nem nada.
A menina só podia responder por si, mas sabia que existia um monte de pensamentos viajantes por aí, de pessoas normais que nem ela, escrevendo sobre arco-íris ou qualquer coisa, e ficava feliz em saber que nunca estava sozinha.
Existia uma certeza dentro dela: a de que seu olhar manso e reluzente compartilhado com o arco-íris, foi algo que conquistou na infância e que a acompanharia sempre, onde quer que fosse.
Não queria se desprender.
Mais que um desejo, uma oração.
Ela sorria.
E sabia mais que nunca, que seu desenho colorido por entre as nuvens, vulgo arco-íris, não guardava um pote de ouro, mas sim, uma flor lilás. A sua flor lilás.
Pra onde ela levaria o ouro? Os lugares que sonhava nem sabiam o que era isso.
- monte de brilhos que o coração não entendia.. -
Mas o perfume da flor...ah...,era bálsamo, abrigo, companhia.
Esse foi o tesouro que ela escolheu,
Cuidar.

Cores, flores e tobogãs.
Pra nós.

. aproveite a graça do que é de graça .

3 comentários:

  1. Palavras tão delicadas quando a flor lilás!=)
    Muito lindo seu texto amiga!!
    Mari! =*

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  2. Já dizia Caio Fernando: "Primeiro a chuva, depois o arco-íris. Se acostume, a ordem é essa."


    Obg Mari!

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  3. a ordem, meu amor, é desordenar o que já foi dito, as palavras renascem a cada deglutição, a cada imaginação, os neurônios desligam-se, e...sua célula da ala amor, nasce e prende-se até o exato instante que mantiveres regadas com as moléculas da sua fala, do seu beijo, do seu sorriso,
    xero desconcertante,
    eis-me,

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Pode dividir seu fragmento mental :)