Se o cara do carro ao lado me
olha é por poucos segundos enquanto o semáforo diz que está vermelho. Depois
disso, ninguém saberá sobre seu joelho machucado ou perguntará o motivo da olheira absurda desenhada nessa cara pálida. Não sei o quão sadio e triste é conversar
com espelhos, porque eles me traem e se acham no direito de estilhaçar a
qualquer segundo, como se a culpa fosse toda minha de não passar nenhum pó de
arroz na cara como artifício mágico para alguma coisa.
Não quero ter peso sustentável, e
venho aprendendo isso aos poucos. Não quero cansaço no meu canto, porque é
para ele que corro quando me assusto de madrugada. Também não quero fazer
mimetismo de pensamentos corriqueiros que tentam me infiltrar por todas as
partes, porque quando eu consigo juntá-las, é sempre na convivência com aquele
que por vezes meu olhar despercebe. Sim, eu não posso ser tão egoísta se eu
quiser me suportar.
Eu quero é parar o tempo para
montar minha fazenda de legos e quando terminar, sentir uma conquista íntima de
ter dominado o mundo - mesmo mergulhado em utopias - Eu quero esquecer o relógio que faz de tudo para
mecanizar os sentidos, mas eu sei bem que esse mesmo relógio que repudio, é o
mesmo que adianta os ponteiros para eu ir de encontro ao sorriso teu.
Eu queria não querer. Poderia até
desenhar passos sem pressa com giz de cera sem me preocupar se essa seria uma
vontade vinda da mente ou do coração, mas meu querer também é engasgo; meu
querer silenciado também é grito. Eu queria falar sobre o girassol que brotou
mansinho na manhã passada, mas o cara do carro ao lado não teve tempo para
isso. Por um segundo eu me enganei.
Nosso amigo tempo sempre deixa no ar a dúvida da espera e/ou da ansiedade... Fico feliz pelo broto amiga, agora quero ver florescer! =)
ResponderExcluirBjs.
"Não quero ter peso sustentável, e venho aprendendo isso aos poucos." Bem isso.
ResponderExcluirBeijo.
Parabéns pelo espaço, gostei bastante!
ResponderExcluirGraça e Paz!